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     18/05/2024            
 
 
    

Digo infelizmente porque quem conhece produtores rurais sabe: não há nada que os façam fracassar, pelo menos no que depender deles e ao que se dedicam fazer. Se não sabem, aprendem. Se não têm, criam. Não dependem, apenas fazem. À todos os produtores de alho cabe aqui o meu admirável reconhecimento. 

Caso as notícias sobre esta cultura dependessem somente dos produtores brasileiros certamente seriam as mais positivas e otimistas: investem em tecnologia, empregam mão de obra, preservam o meio ambiente, e ainda, fazem os números da economia alavancar. Assim, não teríamos que ficar repetidas vezes explanando o mesmo cenário devastador: perda de área, dispensa de mão de obra, gargalos de produção, dumping e subfaturamento. 

Ao produtor brasileiro coube sua parte e nem foi preciso que alguém a determinasse. Ele sabe muito bem como produzir, colher, preservar e manter. O especialista na terra é o agricultor. Cabe agora dar espaço para ser reconhecido. Digo o produtor brasileiro. 

Porque no caso do alho muita coisa se mistura e pouca coisa se esclarece. A maior parte da hortaliça exposta na gôndola do supermercado veio de fora. Isso mesmo: I-M-P-O-R-T-A-D-A. O Brasil, produtor de alimentos, importa alho. 

Isso porque do outro lado do mundo alguém também plantou, colheu e comercializou. Em quais condições?  Ah, isso não dá para saber ao certo. Se uma mercadoria chega aqui no Brasil, depois de passar por portos, viajar em navios, ser desembaraçada e comercializada a valor abaixo da produção nacional é sinal de que há algo de errado. Fica a pergunta: qual o preço que se paga por produtos com valores tão abaixo do que o habitual? 

Não quero aqui fazer discurso do politicamente correto. Sei que na atual conjuntura seria difícil responder: quantos sabem que a maior parte do alho que consumimos vem da China?  Que boa parte deste alho entra no país sem o efetivo pagamento das tarifas brasileiras? Que alguns importadores declaram valor abaixo do comercializado (=subfaturamento)? Que deixamos de criar postos de trabalho em solo nacional e bancamos empregos lá fora? Que estes empregos giram em torno de 56.000 criados na China e Argentina. Somos hermanos? Ou made in China? Qual o preço você está disposto a pagar? 

Quero me explicar. Lutamos diariamente para dar respostas a esses questionamentos, porém não nos contentamos somente com a retórica. Vamos à luta. Damos essas respostas na medida em que nossos esforços são empreendidos no sentido de conferir legitimidade à nossa luta. Ou seja, no momento em que conseguirmos gradativamente retomar a produção nacional, também empregarmos mais mão de obra, ofertaremos mais produto nacional à mesa dos brasileiros, e você, com certeza, saberá apreciar um bom alho brasileiro. Desde que, por último e mais importante (haja vista que nossa parte está sendo feita), o governo se empenhe em proteger nossas fronteiras e credite valor a esses “brasileiros e brasileiras”. Porque caso contrário, cuidado.... o próximo rótulo do seu alimento poderá ser:

Alimento: (qualquer)
Tipo: (qualquer)
Origem: (qualquer)
Data de validade: (qualquer)

Você é um qualquer ? Que come um alimento qualquer ? Que investe em mão de obra qualquer ? Que paga impostos a um país qualquer ? Que gera emprego em um lugar qualquer ?

Exija mais respeito! Apóie nossa causa. Acompanhe nossa luta!

O STF (Supremo Tribunal Federal) decide em breve o futuro da cultura do alho no Brasil.


 

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Clóvis de Oliveira
25/04/2011 - 15:05
Caro sr. Rafael, a verdade Ú nua e crua. Enquanto as leis brasileiras andam em passos de tartaruga, nossas fronteiras servem apenas de degrau para a comercializaþÒo de qualquer produto. Imagine que armas sÒo "importadas" por traficantes sem nunca serem pegas e quando o fazem elas jß fizeram muitas pessoas de vÝtimas. O alho brasileiro nÒo Ú o problema, mas sim aqueles que vem de fora e passam por nossas fronteiras deliberadamente. Quando nÒo vem da China, sÒo enviados para outros paÝses para que possam entrar no Brasil sem taxas nem anti-dumping, ou seja, as "leis" precisam ser cumpridas e alteradas de tempos em tempos para que os produtores internos sejam reconhecidos. Afinal, atÚ quando irß continuar essa brincadeira?

Claudia Binder Servaes
26/04/2011 - 11:20
Prezado Sr. Rafael
Muito importante sua colocaþÒo. O consumidor brasileiro tem pouco acesso a informaþ§es relativas aos produtos que consome. Tenho uma ferramenta que dß visibilidade ao consumidor sobre o caminho do alimento atÚ a gondola. Certamente um consumidor esclarecido sobre diferenþas de qualidade, seguranþa e processos pode fazer uma opþao consciente.
Um trabalho direcionado a consumidores precisa ser realizado, possivelmente inclusive utilizando redes sociais.
Estou a disposiþÒo para conversarmos.
Claudia B. Servaes: especialista em gestÒo da seguranþa de alimentos - consultora autonoma (claudia@animalis.com.br;tel 48 9919 4242)

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